terça-feira, 17 de março de 2009

Coisas Simples!


Os abraços da Cátia, o sorriso da libelinha, o bébé da Rita, a energia do João, a ingenuidade da Maria J., a barriga do Nuno, o cabelo da Elsa, os vestidos da Sónia, o carinho do P.S.

São estas coisas simples que nos ficam, por muitos anos, porque são essas que verdadeiramente importam.

Tenho tantas onde me agarrar, tantas coisas simples guardadas no meu coração.

Lembro-me de muitas delas com muito carinho mas sobretudo lembro-me do beijo do Marco, tímido, na minha cara quando estava a falar para a câmara. Esse beijo disse tudo, disse: "Não te aflijas, nós estamos aqui"

Lembro-me do Bruno, do Tiago e do Paulo ao nosso lado, testemunhando que o meu caminho não se faz só, que o que sou, sou em todo o lado e em tudo o que faço...

Lembro-me do olhar da Carla quando nos despedimos nesse dia, era um olhar sentido, genuíno, de quem diz: "Estás a fazer falta".

Lembro-me de mãos, mãos dentro dos bolsos do meu casaco para tirar os biscoitos do cão. Mãos cúmplices, limpas, solidárias...

Lembro-me do telefonema do Pedro a dizer que o Porto nunca mais foi igual sem a minha presença e que mesmo longe estava ao meu lado.

Da mensagem do António a dizer que tinha explicado aos filhos que tinha muito orgulho em ser meu amigo.

Coisas simples como estas, de todos os dias, fazem-nos avançar, fazem-nos perceber que as coisas podem ser simples todos os dias...

quarta-feira, 4 de março de 2009

O Medo!



Fui criada com princípios morais comuns, só tinha medo do escuro, dos papões e de perder os que amava, este último foi o único medo que me ficou.

Hoje tenho uma tristeza infinita por tudo aquilo que teimamos em perder, por tudo o que os meus filhos e netos um dia enfrentarão, hoje vejo medo nos olhos de todos, jovens, adultos e velhos!

O que é que aconteceu conosco? Deveres ilimitados para cidadãos honestos, 100% de tolerância para manhosos, bandalhos, corruptos e oportunistas...

Que valores são estes? Os automóveis valem mais que abraços, mais vale parecer do que ser. Desde quando é que os valores que aprendemos passaram a ser ridículos?

Quero a honestidade como motivo de orgulho, quero a rectidão de carácter, a cara limpa e o olhar olhos-nos-olhos, quero a vergonha na cara e a solidariedade, quero a esperança, a alegria, a confiança...

Quero calar a boca de quem diz: "temos de calar quem fala verdade!", quero uma vida simples e verdadeira, quero a indignição perante a falta de ética e de respeito, quero que voltemos a ser "gente"...

Nunca saberemos se não tentarmos.

Meus amigos (acho que a todos posso chamar assim) estou suspensa há 4 meses, o processo está longe do fim mas não haverá ninguém que goste mais do serviço do que eu, poderão gostar igual mas mais não!

Estou impedida de fazer o que gosto, o que amo mas estou tranquila.

Compreendo sempre as razões de todos mas queria dizer-vos que se fosse a única contra este estado miserável na Saúde 24 o seria na mesma, de peito aberto e de consciência tranquila, para deixar de ver medo nos olhos dos meus amigos, dos meus colegas. Para ser fiel a mim.

Disse-vos quando fui suspensa que era um até já, que não desistissem, que confiassem. Continuo a dizer o mesmo porque eu também quero continuar a confiar, eu quero andar de cabeça erguida e saber que não traí os meus valores, os meus amigos, quero saber que fui leal.

Continuo a ser criança mas sem medos, percebi que já não existem papões, esses só existem na nossa cabeça e no nosso coração. Percebi desde cedo que temos tanta força em conjunto, que podemos arrastar o mundo com a mão se acreditarmos e eu acredito na Saúde 24.

Percebi que os bandalhos e os cobardes se alimentam do medo das pessoas de bem e por isso estarei onde precisarem de mim, na Saúde 24, na rua, na Assembleia da República, no fim do mundo se for preciso, mas estarei sempre lá!

Um beijo amigo e um abraço a todos os que se questionam sobre o que irá acontecer. Esta é a minha mensagem de esperança, como disse a Ana Passos: "continuemos famintos, continuemos tolos..."