
O sorriso mais bonito do mundo...é o do meu avô...Quando era pequenina cabia em cima das máquinas de levar que ele levava a casa dos clientes e dentro das caixas de cartão dos electrodomésticos que vendia.
Adorava esconder-me nas caixas e achava sempre que ninguém me ía encontrar.
O meu avô tem a maior paciência e tolerância do mundo e o ponto alto do meu dia era pendurar-me nas cavalitas dele e despentear-lhe o cabelo todo enquanto ele jantava. Nunca se zangou comigo...
Há poucos dias, como faço sempre, fui buscá-lo ao lar e o sorriso que ele fez quando me viu foi o presente mais precioso que já recebi na vida!
Depois de ver esse sorriso percebi. Ninguém, por mais anos que passem, ficará tão feliz por me ver como o meu avô. o sorriso dele quando me vê não tem preço...
Consigo ouvi-lo, a muitos anos de distância, "Rita, deixa o cão, não dês beijinhos no cão, pára de chatear o cão" mas dizia-o como quem acha piada ao que eu fazia. O cão morreu por ser tão guloso e nesse dia, eu desesperada e a chorar como se me tivesse morrido uma pessoa, o meu avô, com a maior calma do mundo, forrou uma caixinha de cartão, daquelas onde eu me escondia, com cetim e fez um funeral ao cão.
Todos os problemas eram pequeninos quando eu era criança e estava perto do meu avô. Agora ele anda de bengala, vê muito mal e apoia-se no meu braço, é como se fosse ao contrário, mas sei que o meu avô continua a tomar conta de mim.
Cuidado, andam por aí umas pessoas que pensam que podem fazer-me mal, cuidado porque para me defender, mesmo velho e com pouca visão o meu avô é capaz de distribuir umas belas bengaladas! É por causa do meu avô, e da minha avó também, que eu sou como sou e não há nada a fazer.